30 setembro, 2009

saudade

hoje, quando saí da última aula (ah, este é um post pessoal. não tem nada de interessante pra ler) senti um frio leve. a noite, sozinho no meio da usp, me fez lembrar de algo. a solidão no meio de aquela terra povoada de jovens, estudantes, e pessoas com diversos conhecimentos em cada área acadêmica. recheada de pessoas interessantes talvez pra conhecer, eu me vi sozinho.
me fez sentir uma saudade. do que especificamente eu não sei. não consegui lembrar o que aquele ambiente me remetia. talvez fossem os primeiros anos na facul, quando eu ficava até noite sem ter necessariamente nada pra fazer. só aproveitando a usp. a novidade do primeiro ano numa faculdade. acho que eu ficava sozinho na usp de sexta a noite. sexta a noite é o dia em que costumo sair para encontrar amigos. acho que naquela época eu não tinha tantos amigos na usp de sexta a noite, livres para fazer algo. ou eu que não tinha como sair com eles. não me recordo.
então simplesmente saí da aula andando e aproveitando o clima que me remete a algo que eu não lembro.
então pensei, será que era um dos meus momentos saudáveis de sentir saudades, ou será que me voltei ao passado, pois o presente e o futuro não me mostravam sonhos e projetos suficiente para eu sonhar e viver o presente com eles?
o que eu senti saudades, será que era algo que eu tinha, mas perdi? ou será que era algo que eu sonhava, nunca tive, mas ainda quero ter?
quando eu não tenho projetos atuais, será que me viro para antigos projetos, que eu já queria ter concluído, mas não conclui? mesmo que atualmente eu não queira mais tais projetos?
na verdade, creio que já senti isso, especificamente na sétima série...ou oitava, quando eu estava na escola, com ex-amigos que de uma série a outra se tornaram manos, e aqueles caras "maneiros". eu me sentia excluído. então criei meus próprios projetos pessoais, mesmo que fúteis. será que eu vejo a amizade como um passatempo para um período de não projeto? eu senti saudades de uma época que foi uma das piores da minha vida, devido a projetos com os quais eu sonhava. eu estou tão bem agora. quantas coisas eu ganhei com esse passar de tempo? mas tambem, quantas coisas eu perdi/notei/amadureci? bem, uma hora ou outra ia ocorrer isso.
quantas coisas nós notamos com o passar do tempo...que nos deixam tanto alegres quão tristes, dependendo do momento.
então, notei que o frio me lembrou do dia em que eu fiquei sentado a noite, olhando o céu (no caso, estrelas e locais sem estrelas, só escuridão), no quintal de casa. estava levemente frio. eu estava naquele momento sonhando com meus projetos, que creio ter abandonado atualmente (pelo meno no meu consciente).

apesar de dizerem que sentir saudades dói, eu gosto de sentir saudades. tambem gosto de sentir melâncolia. não é chato. descobri há uns anos que eu curto tais sentimentos (claro, temporariamente).

coisa que me deixam feliz é andar a noite, olhando paisagens. me acalma. dá um sentido à falta dele na vida. na verdade não é um sentido. mas uma acalmada mesmo em presença do caos.

e pensando em sentido da vida estes dias, eu me peguei pensando "não seria eu o louco? qual o sentido da vida atual que eu tenho levado? qual o sentido para a vida atual que muitos têm levado? nunca vi provas de que os loucos da Sé sejam os verdadeiros loucos aqui. desenvolvemos muitas coisas baseados em bases não bem alicerçadas.";

de resto, vou tentar chegar a uma conclusão com relação a minha loucura. afinal, quem não tem absoluta certeza sobre o que faz nesta vida só pode ser louco. quando chegar a um resultado verei se terei coragem de ser guiado por minhas resoluções. verei o que é mais vantajoso pra minha existência temporária.

6 comentários:

  1. Seu último parágrafo tem um erro, deveria estar escrito "quem tem absoluta certeza sobre o que faz nesta vida só pode ser louco"

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  2. Caríssimo...


    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    À sombra das bananeiras,
    Debaixo dos laranjais!

    Como são belos os dias
    Do despontar da existência!
    - Respira a alma inocência
    Como perfumes a flor;
    O mar é - lago sereno,
    O céu - um manto azulado,
    O mundo - um sonho dourado,
    A vida - um hino d'amor!

    Que aurora, que sol, que vida,
    Que noites de melodia
    Naquela doce alegria,
    Naquele ingênuo folgar!
    O céu bordado d'estrelas,
    A terra de aromas cheia
    As ondas beijando a areia
    E a lua beijando o mar!

    Oh! dias da minha infância!
    Oh! meu céu de primavera!
    Que doce a vida não era
    Nessa risonha manhã!
    Em vez das mágoas de agora,
    Eu tinha nessas delícias
    De minha mãe as carícias
    E beijos de minhã irmã!

    Livre filho das montanhas,
    Eu ia bem satisfeito,
    Da camisa aberta o peito,
    - Pés descalços, braços nus -
    Correndo pelas campinas
    À roda das cachoeiras,
    Atrás das asas ligeiras
    Das borboletas azuis!

    Naqueles tempos ditosos
    Ia colher as pitangas,
    Trepava a tirar as mangas,
    Brincava à beira do mar;
    Rezava às Ave-Marias,
    Achava o céu sempre lindo.
    Adormecia sorrindo
    E despertava a cantar!

    Oh! que saudades que tenho
    Da aurora da minha vida,
    Da minha infância querida
    Que os anos não trazem mais!
    - Que amor, que sonhos, que flores,
    Naquelas tardes fagueiras
    A sombra das bananeiras
    Debaixo dos laranjais!



    Casimiro de Abreu
    (1839-1860)


    O que é a vida, se não a paixão...


    Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

    1Cor 13,1


    Sei como se sente,
    sei como é frio,

    Tenho saudades dos tempos que o amor guiava meu peito pelos caminhos...
    Os tempos mais tristes de minha vida são, ao mesmo tempo, os de que mais tenho saudades.
    Aprendi tanta coisa depois disso:
    Tornei-me frio... como aquelas belas noites que a vida ressoava com as badaladas de meu coração.
    Tornei-me mecânico... como alguém que precisa saber o que esta fazendo nesta vida, e não se preocupa em fazer o melhor, mas apenas em cumprir seu objetivo.
    Tornei-me solitário... cercado de amigos, que não entendem o quanto dói ter que sorrir de qualquer coisa para não passar o dia chorando.
    Qual o sentido de tudo isso?

    Não importa...

    As noites frias me fazem lembrar as caminhadas póstumas de minha vida. O sopro gelado do vento é tão agradável... tão confortável, como a musa do poeta o inspira, me inspira a buscar novos sonhos, novas aventuras, que nunca serão tão boas, nem inocentes e nem belas como as que outrora, como um sonho, passaram em minha vida.

    E o tempo passa... eu envelheço... e nada muda...

    "Vaidade das vaidades, tudo é vaidade"

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  3. Concordo com o Sachato!
    Quem sabe o que fazer da vida absolutamente está com problemas sérios! claro, não saber nada também não é bom, mas ninguém tem certeza de quase nada sobre o futuro. os projetos pessoais de cada precisam estar envolvende a possibilidade deles nao darem certo, afinal o futuro é incerto e a noite é uma criança...

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  4. estou a pensar, amicci.

    agora...uma cousa...eu queria saber quem é Quoheiet.

    belo nome por sinal
    (http://xacute.sites.uol.com.br/art_eclesiastes.html) .

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  5. Quem sou eu?


    (...)
    Sou o sonho de tua esperança,
    Tua febre que nunca descansa,
    O delírio que te há de matar!...


    Álvares de Azevedo


    Não se preocupe, você me conhece, mas parece que não o suficiente para me reconhecer.

    Isso não é importante...

    Enquanto tiver tempo, pense no que é importante.

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