29 setembro, 2011

Prosa e escrita

Ontem ouvi um amigo dizer sobre as escritas de outro amigo "As prosas dele são boas, diferentemente do resto da produção.". O que me fez me indagar se seria mais fácil fazer prosa que outros tipos de escrita. Veja bem, qualquer adolescente consegue manter um diário. E diários são compostos de prosa.
E isso é interessante a minha pessoa. Umas pessoas elogiam meus textos. A maioria dos meus elogiados é em prosa (ok, todos são exceto um). Os que não são em prosa tenho uma dificuldade bem maior de compor.

Então, apesar de meu desejo de ser um escritor, na verdade estou mais longe que imaginava de ser um escritor. Ao contrário da imagem que eu tinha antes de mim mesmo, o de alguem que tem certa habilidade para escrita, na verdade sou apenas um jovem comum no quesito Escrita. Os que antes elogiaram meus textos, na verdade não elogiaram minha habilidade de escrita, mas apenas minhas idéias publicadas. Quer dizer, é muita lisonja, que minhas idéias tenham feito um texto se sobressair dentre outros de mesma capacidade literária. Mas ainda assim...

Bem, uma coisa é verdade, eu pouco entendia dos livros considerados clássicos. Me divertia muito mais lendo Harry Potter do que Dostoiévski. Talvez seja realmente correta a minha hipótese de galhofa, que tinha criado apenas pra consolar uma guria que disse não saber escrever. Einstein disse certa vez (aproximadamente) "O que me fez chegar a essa teoria (da relatividade) não foi a inteligência. Aprendi a ler apenas com 9 anos. Meus pais pensaram que eu tinha algum problema. Mas o caso é que devido ao meu desenvolvimento lerdo, aos 20 anos eu mantive uma mente infantil, com a capacidade se maravilhar com pequenas coisas, como a luz, e de ficar pensando em um único tópico por muito tempo.".
Então, a guria tinha dito que não conseguia escrever pois mil pensamentos brotavam quando ela tentava. E se embaralhavam e a distraíam. Talvez minha mente seja mais lerda. Talvez tenha a velocidade lenta da minha escrita, de modo que posso desenvolver meu pensamento enquanto vou transcrevendo-o pro papel. Antes eu me entusiasmava com desafios. Envelhecer é uma coisa peculiar. Com a tranquilidade tambem vem a preguiça de sobrepujar desafios, que antes me encorajava a mostrar a mim mesmo que tenho valor. Não me importo mais se tenho valor ou não, dado que isso não mudará quem sou. Apenas quero divertimento e prazer relaxado.

11 setembro, 2011

Reli Memórias Póstumas de Brás Cubas

A aqueles que creêm que ser negro, pobre, gay, doente mental é ser um ser inferior, apresento-vos Machado de Assis. Pobre na infância, mulato, gago, epiléptico. Só não era gay. Mas na história já há homens suficientes (lembrando, já que muitos esquecem [inclusive militantes gays], que eram humanos antes de incríveis ou gays) incríveis que eram gays.

Creio na verdade que essas "dificuldades" (são dificuldades mesmo, pois ser gago ou epiléptico são dificuldades, e ser negro ou gay é tambem uma dificuldade, com a diferença de ser artificial, já que criada pelos humanos antes de existir por sí só), que muitos crêem ser sinal de falta de talento, na verdade são potencializadores desses. Ou, melhor, sumonam os.
Imagine um paraíso. Tudo tranqüilo e ajeitado. Os homens seriam todos medíocres e iguais. Com relação ao paraíso, penso que o pecado original é a verdadeira inauguração da humanidade. Antes dele a humanidade só se fazia estar lá. Não agia. Eva seria a verdadeira emancipadora da humanidade. Tanto amante que exigiu que o homem agisse, mostrasse suas qualidades e se desenvolvesse; enquanto Adão era medíocre, aceitando viver restrito (bem, convenhamos, em defesa de Adão, você se rebelaria contra um deus todo poderoso?). Lembra da frase "Ela te ama se ela quer que você siga suas vontades"? Acho que assim deus na estória pensou "ah, queres desenvolver seus talentos submersos? Então vou mandar-te algo pra desenvolver seus talentos. Vocês agora têm a morte, o trabalho de se sustentar e sobreviver, e de bônus, a dor do parto a você, Eva, que levou meu menino a ser independente de minhas decisões".
Anos atrás um amigo me disse que satanismo não é realmente fazer sacrifícios ou cultos a um bode, mas sim admirar a ciência e o desenvolvimento. A ciência realmente é a indagação sobre o "que pode acontecer se...", muitas vezes em detrimento de certas coisas sagradas, e na maioria das vezes apenas querendo melhorar a vida humana. Eva realmente foi a primeira satanista, nesse conceito. Lembrando que, pela estória, Lúcifer se rebelou contra deus por não aceitar viver sob ordens dele e querer tomar o controle(não só de sua própria existência).

Tendo a oscilar entre procurar novos conhecimentos (pra arranjar uma vida mais divertida, e não ficar ignorante a um aspecto dela), e a sacralizar uns conceitos que estimo muito. Mas agora não tem mais um Pai pra falar o que é certo ou errado, além da sociedade. Minha mente já questiona coisas que antes considerava imutáveis.