11 novembro, 2012

Máscaras

José queria ser alguém na vida.
Para alegria dele, conseguiu ser ninguém.
Ninguém e todo mundo.

No Japão há uma lenda antiga
De uma máscara de teatro Kabuki
Que passou a ser chamada de máscara de carne.
De tanto usá-la
ela passava a ser sua cara.

Já João, por outro lado, não gostava de sua vida existencialista.
Sem querer ele fingia ser como ele queria ser.
Vivendo uma mentira já que o mundo não lhe aprazia.

Ele fingia ser como ele queria ser para cada pessoa.
O João filho, o João amante, João amigo comediante, João etc.
Um, Nenhum ou Cem Mil.
Então João se perguntou -Quem desses sou eu?
João, o filho, não podia ser João, o comediante de humor negro.
João, o amante, não podia ser João, o fracote.
Ninguém o conhecia enfim.
26 anos se passaram e ninguém o conhecia ainda.

07 novembro, 2012

Camus, de aquário

Como seria agradável,
Se, onde a aparência é fato e a realidade ficção,
Um pouco de ultra-violência fosse viável.
E que meu caso não virasse apenas o de mais um personagem de ação
E me fosse sentenciada a pena inimputável
De um louco perdido na razão.

O estrangeiro

28 setembro, 2012

Rascunho

Quanta paz eu teria
Se em minhas memórias
Estivesse escrito
"Encontrou a mulher de sua vida
Se formou em medicina
Ou em engenharias
Ou advocacia"

Mas ao invês disso
Li em um papel (já empardecido)
"Vai ser gauche na vida"

Crasso erro aqui descrevo
"Gauche! Palavra interessante" digo.

gauche(gôx) adj (fr) Esquerdo.
Indivíduo tímido, estranho, deslocado.

E tolo (cabeça-dura)
Desperdiço
Um futuro pavimentado, seguro e testado a exaustão
Por cousas que um papel amarelado prometeu.

Um além
N'uma sociedade
Onde há apenas protagonistas...

30 julho, 2012

Sessão de RPG

Vamos fazer uma sessão de RPG. Uma sessão expresso fast-food.
Você entra numa taverna e você fica refletindo como você odeia pessoas que desrespeitam quem gosta de doce de leite. Você quer mudar isso pois machuca as pessoas que gostam do doce. Suas opções são: ir para a frente de batalha e mudar uma a uma cada pessoa que você vê desonrando o momento sagrado do doce-de-leite;
ganhar poder para ou proibir o desrespeito ao doce de leite ou para criar movimentos incentivando a importância do doce de leite, se tornando assim alguem almejado, primeiro pelo seu poder (dinheiro ou cargo para criar leis ou movimentar pessoas), segundo por você querer uma mudança (deve haver uma máfia, ou no mínimo muita gente que não aprecia o comércio do doce de leite em detrimento do comércio de leite-moça por exemplo);
sendo o exemplo contrário, mostrando as pessoas que você é um cara filho da puta por desrespeitar o momento com doce de leite, que se dá mal por isso;
por idéias e propagandas.

Propagandas moldaram as pessoas de cada geração e seu modo de pensar (bueno, principalmente adolescentes...).

Idéias combinadas com uma história, filme, propaganda influenciam as pessoas. Ao defrontar o leitor com a opinião e experiências de um personagem o leitor se torna mais simpático às idéias deste.
Os beatniks. Os hippies. O mal do século, os românticos. As religiões se propagaram pela propaganda e pelos livros e suas narrativas, pois poucos viram realmente os atos milagrosos.

O livro O Jovem Werther influenciou uma onde de jovens letrados a cometerem um ato final as suas vidas. Se você consegue tocar alguem a ponto de dar cabo de sua vida, não há influência mais forte.

Hoje em dia os filmes da infância são uns dos mais fortes nesta época de fácil acesso a cultura. A infância, o passado tem a idéia de que é algo melhor que o presente, então diversas idéias de heróis pelos quais torcemos nos filmes infantis muitas vezes são recordados com um sentimento acolhedor (se você não teve uma infância problemática num bordel, é claro).

Lembro de como diversas vezes Hermann Hesse e seus livros me solucionaram diversos conflitos mentais. Gostaria de poder ajudar ao menos pessoas que passam pelas mesmas experiências que passei, como Hermann Hesse ajudou. Mas claro que não tenho capacidade para tanto.

Sobre a solidão não intencional

Ninguem mais lê blogs. Isso é algo majoritariamente de adolescentes, ou de pessoas que não sabem expôr suas opiniões mas as acham importantes para divulgação. Normalmente quem é o primeiro caso tambem é o segundo caso...
Ainda há os casos de pessoas que necessitam se comunicar, e o fazem de modo diferente via escrita. Talvez de modo mais íntimo, mais claro...
Como o Ugo, a Amanda, etc.

Comecei a escrever pois sentia algum tipo de solidão. Escrevia para me comunicar com alguem desconhecido que me compreenderia perfeitamente, mais que meus conhecidos e amigos, isso instintiivamente. A mania perdurou depois de encontrar mais amigos próximos. Depois vim a descobrir a quem me dirijo quando escrevo.

Ninguem irá ler isto. Ficará guardado no entulho da internet (mais fácil de achar que no entulho de meu pc). E será um histórico de meu pensamento. é como um álbum de fotos, mas melhor e pior. Me recordando do que pensava na época, dos problemas e esperanças.

Acostumei-me a guardar os pensamentos e pouco revelá-los, sendo esse desequilibrio um erro, como todos os desequilíbrios. Acabei me afastando de algumas pessoas sem o querer. E o homem pode ser uma ilha se quiser, mas dói. Bom, quando você quer aprender a lidar com as próprias ações é ótimo, mas pode se fazer isso com calma tambem. Mais calmo e tranquilo é acompanhar o ritmo para não sair do compasso com outros e ir por um caminho errôneo e louco pelo mato.
Me acostumei a agir sozinho, não ter discussões, mas pensar, concluir e tomar atitudes sozinho. Olhava discussões antigamente e uma maioria apenas esperava seu momento para falar, ao invês de escutar. Não desenvolvia idéias em conjunto, mas combatia e anulava a do outro.
Bem, enfim, sempre agi sozinho com minhas atitudes sem comunicar na maioria das vezes, e isso me tornou alguem mais solitário.
Mas isso é um erro. Quando você toma atitudes sozinho, não conversando com o outros lados, não aprendes com outras pessoas mais experientes. E em uma sociedade, onde muita coisa se desenvolve pelo social, não apenas fazer, mas aparentar fazer é importante, pois é uma comunicação para não haver desencontros. Estou me esforçando para ser mais aberto.

24 abril, 2012

Quebra

Quebrar: ir a um extremo por acreditar que não tem mais salvação.
Se quebrar: se desesperar e não conseguir mais raciocinar no estado natural.
E ao desesperar se entregar totalmente a um dos dois lados, ou a corrupção, ou a salvação e “purificação”.
O que quebra alguém é a dúvida. O tentar se equilibrar sobre um estado que contrapõe os desejos e exige dedicação e esforço. O seu desejo que contrapõe o seu ideal. A realidade indo contra a idealidade.
Você falhou uma vez, crê que não há mais a delicada pureza. Assim se quebra a incerteza, a dúvida, muitas vezes a esperança, que sempre se equilibra sobre um estado que exige esforço constante para se manter estável.
Se eu quebrasse eu socaria quem quer que fosse. Criança, adulto, mulher ou bandido ou amigos. Bater e bater e bater e bater para acabar minha energia e não conseguir mais manifestar minha raiva.
Iria queimar o mundo devido a minha raiva por não ser o ideal. Criar o meu mundo, onde não dependa de ninguém, e a culpa seja sempre minha. Criar a minha realidade. Virar Alice.
Adeus, pai. Adeus, mãe. Adeus, amigos. Amor, adeus.


Olá, admirável mundo novo...


p.s: O que é a realidade para você? A sua realidade são as sensações e informações que você recebe e interpreta. Então qual a diferença entre realidade que existe mesmo, e uma que você cria? As duas são apenas sua interpretação.
Então, para você, pílula vermelha, ou azul?

18 abril, 2012

Testamento

Encontrei este texto em seu quarto. Estava sobre a escrivaninha. Não tivemos mais conhecimento de seu paradeiro a partir de então. Vi que não levou nada além das próprias roupas do corpo, deixando até mesmo documentos.
Transcrevo a seguir o texto (com todas suas falhas de concordância e gramatica), na esperança de que alguem entenda o que ele quis dizer.

"Meu cérebro tem criado fantasmas, espectros nos quais me força a crer que são solidificados e capacitados para realmente intervir, por vontade própria, na realidade. Na minha realidade e no meu destino. Podem interferir nas minhas esperanças. E é justamente a dúvida, a dúvida do racionalismo, que me levou ao ateísmo, que prefiro me enganar de que é um agnosticismo (dado que nada sabemos da verdade, não temos informações suficientes, e somos incapacitados para tais reflexões), a dúvida que Einstein teve da linearidade do espaço e do tempo, apesar de parecer indubitável a você ao ver o espaço na sua frente, reto. Tudo isso me guiou ao agnosticismo total. Duvide de tudo.
Se mesmo entre filósofos de uma mesma escola há divergências entre sí na determinação da realidade, quem sou eu para assumir verdadeiras em minha visão particular eventos cotidianos que nunca questionei?
E se algo me é importante prefiro tomar todas as ações que me assegurem a segurança daquilo. Pensamentos que surgem da dúvida varrem todas minhas outras reflexões. E se esta minha ação interferir no rumo que isto leva, intervir no meu futuro, apesar de nada estar relacionado diretamente? No máximo no bater de asas de uma borboleta? Como posso voltar a crer naquilo que vejo se a simples colisão de átomos que não consigo ver pode me dar um cancêr? No creo en brujas, pero que las hay las hay.
Como podem querer que eu creia em algo assim? Estou a afastar me demais do método científico. Somente creia naquilo que você pode provar. Mas como provar algo, se os nossos próprios métodos se baseiam em concepções da limitada racionalidade humana? O nosso método científico é um instrumento auto-referente. Ele sempre se mostrará em concordância consigo mesmo. Poderei então provar pelo método científico que o Sol irá sempre surgir em um novo dia apenas porque até agora ele surgiu todos os dias anteriores sem exceção? E a super-nova e sua consequente morte estelar? Será que meus métodos apenas distorcem-se para se mostrarem sempre corretos entre sí, mas não como a verdade está? Inclusive, a lógica simples do humano serve para todos os casos? Veja, 1+1 será sempre 2? Pareceria uma pergunta tola, mas pegue 1 metro e some mais 1 metro. Isso dará 2 metros. Mas apenas nas nossas condições atuais. E próximo a 3.10^8m/s? é como a água. Somente a altura do mar ela evapora a 100ºC.
No fim devo me basear na minha realidade, a qual acredito e é meu presente. Afinal, se uma árvore cair no meio da floresta, mas não houver ninguem para escutá-la cair, ela então não fez som.
Mas não se pode ser egocêntrico de tal modo. O pescador, apesar de crer que para pegar um peixe só depende de sua vara, pode morrer de inanição por alguma mudança climática distante que ele ignora. Do mesmo modo que o natural aumento da temperatura dos oceanos matou o grandioso e poderoso megalodon. Algo que ele simplesmente não tinha consciência. Então o homem em sua poderosa racionalidade e lógica pode morrer ou ser estraçalhado em sua frágil esperança por algo que está fora do seu alcance de entendimento. Sem ser visto.
Então é a sina do homem aceitar suas limitações e viver com elas? Ou quebramos barreiras como livros de auto-ajuda e animes nos ensinam? Onde está a loucura dos loucos se não podemos provar que o que eles veêm não existem realmente? Diante de todas as indagações, provou-se de que o que desconheciam, e julgavam impossível, na verdade estava lá. Desde sempre. Que os átomos nos quais eles não creiam na verdade sempre compôs eles e o mundo.
Tenho medo que minha amada me julgue um maluco. Mas como ela mo poderia amar se ela não conhecesse este meu lado? Amanhã, se este texto vingar sobre minha sonolência e ânsia mostrar-la-ei. Vou assumir que ela sabe o que é bom para ela e pra realidade dela. Se ela quiser ficar longe do perigo das indagações deste louco, ela saberá o que é melhor a realidade dela. A felicidade e segurança dela é minha importância.

Tudo o que sei é que nada sei.
Cogito ergo sum"

Tenho começado a questionar o meu cotidiano desde então...

13 janeiro, 2012

Objetivos

Estou desconfiado e enfadado. Poderia até dizer que o sou, de tanto tempo que estou nesse perfil.
Muitas vezes afixo o olhar em algo bonito, que desperta um desejo de tê-lo. E então, como não o tenho, e como outras pessoas o tem, e não se dão conta de que ter esse objeto é passageiro, me pego maldizendo tal desejo. Me vem o pensamento de destruição dessas coisas belas, como um protesto a alguém. Não é direcionado ao Deus que criou tais coisas belas, dado que não creio nessa história. É um protesto a mim mesmo.

(Nas ruas, atearia fogo em grandes árvores [que demoraram tempos pra conseguir crescer, tiveram sorte o suficiente pra conseguirem água para ficarem grandes e fortes e se estabilizarem, e a de ninguém pisar em cima quando ainda pequenas]; com meu soco inglês daria socos em alguém a noite por motivo nenhum, um boy, ou drogado; quebraria a janela do hospital abandonado e procuraria algo para roubar)

E então penso, se por acaso possuísse o tal objeto de desejo...me daria por satisfeito? E seria feliz, puramente feliz com aquele objeto. Pois não -concluo- iria procurar outras coisas. Eu teria aquilo, seria parcialmente feliz, mas de desconfiado iria olhar aquilo e pensar "Deve ter coisas mais. Isto é apenas passageiro"