11 novembro, 2012

Máscaras

José queria ser alguém na vida.
Para alegria dele, conseguiu ser ninguém.
Ninguém e todo mundo.

No Japão há uma lenda antiga
De uma máscara de teatro Kabuki
Que passou a ser chamada de máscara de carne.
De tanto usá-la
ela passava a ser sua cara.

Já João, por outro lado, não gostava de sua vida existencialista.
Sem querer ele fingia ser como ele queria ser.
Vivendo uma mentira já que o mundo não lhe aprazia.

Ele fingia ser como ele queria ser para cada pessoa.
O João filho, o João amante, João amigo comediante, João etc.
Um, Nenhum ou Cem Mil.
Então João se perguntou -Quem desses sou eu?
João, o filho, não podia ser João, o comediante de humor negro.
João, o amante, não podia ser João, o fracote.
Ninguém o conhecia enfim.
26 anos se passaram e ninguém o conhecia ainda.

07 novembro, 2012

Camus, de aquário

Como seria agradável,
Se, onde a aparência é fato e a realidade ficção,
Um pouco de ultra-violência fosse viável.
E que meu caso não virasse apenas o de mais um personagem de ação
E me fosse sentenciada a pena inimputável
De um louco perdido na razão.

O estrangeiro