03 outubro, 2008

cetáceo

deu vontade de escrever (talvez seja conseqüencia da encheção de saco). talvez o tema se deva ao fato de que quando jovem eu era, eu tinha de fazer natação, e sempre que eu ficava nadando lá eu imaginava tubarões nadando em minha direção. eu sempre tentava nadar rapidamente pras bordas. talvez por isso eu tenha me tornado bem rápido quando nadando. ou pode ter sido uma criação de minha mentinha após ler hoje sobre a história de moby dick, e da sua continuação (li que era baseado numa cosa verídica, nó sé) no jornal.

uma grande orca me pega e me mata. já viram uma orca matando um pinguim ou uma foca? a orca me pega assim mesmo e me mata. eu nado ali no meio, não vejo o que está em baixo d' mim. olho o horizonte e só tem uma infinidade de água donde se vê nada amis.
só sinto um puxão pelos pés. e vou mergulhando, até que subo de volta puxado pelos meus pés quebrados. nem sinto os pés, só sinto todo o empuxo. uma grande confusão que dura parcos segundos. a água arde nos meus olhos. só consigo ir sentindo diversas coisas, o meu equilíbrio se mexendo de um lado pro outro, sinto o mundo ir pra cima e ir pra baixo e ir pro lado e pro'utro. até que sou jogado pra fora da água. e me noto rodopiando no seco, quando vejo uma bocarra em baixo de mim. uma boca grande, bem grande onde cabem homens, uns dois. tem uma péle brilhante negra. a parte de baixo é de uma brancura assustadora. lembra um pouco do início de uma criação do universo, em estilo spilbergueriano. e vou caindo, o ser vai se aproximando gradativamente. parece um grande tempo caindo, e pouco tempo é. e fito o monstro cara a cara, momentos antes de ser mordido e fagocitado pelo bichim.
aí vejo flahs de luz e flahs de luz, e sinto umas dores não tão fortes quanto eu imaginava que seriam se eu tivesse o corpo esmigalhado. (no caso ela me mordeu no tronco, com a cabeça dentro da bocarra) e vejo negritude dentro dela. não sinto cheiro, só tento pegar os dentes do bicho e tentar segurá-los, mas logo lembro que elas têm uma mandíbula mui forte (obviamente) e logo fico me debatendo de jeitos alternativos. vomito e sinto um gosto forte de ferro. e aí? posso fazer algo agora? o quê faço? o que eu poderia fazer?! o desespero, como completo caos, me faz pensar em nada útil. só o simples desespero e o medo de saber que a situação ocorre na minha vida real. vou perdendo os sentidos do meu braço direito (sou destro), até não senti-lo mais fazendo qualquer movimento. vou esquecendo da minha vida e do em torno. voltei ao negro. só sinto pequenas mordiscadas em todo o corpo. sinto um baque na cabeça. pára... não sou nada não faço nada não sinto nada não penso em nada.

um monge do outro lado do mundo imaginário sente o mesmo do que sinto no final meu.

Um comentário:

  1. Que medo. Você morre no final?
    Tenho muito medo de baleias...
    Nem consigo imaginar uma baleia..!

    Quanto aos poemas, sei que é difícil interpretá-los, mas qualquer coisa que você conseguir extrair deles faz parte dele mesmo.
    Não acho que você tenha que pensar no motivo de escritor do poema, mas sim no que estes versos podem te dizer do mundo e, quem sabe, o que eles expressam.

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