Deparou-se com um guri.
Um garoto parado à frente dele. Era notável que era um garoto tolo, como todos os outros. Lhe era possível sentir; pelo seu jeito de olhar. Seu corpo se tensionou levemente. E meio segundo depois o cérebro compreendeu o baque. O guri que estava na frente dele era ele mesmo. Quando era jovem. Jovem, ignorante e tolo. O guri acenou para ele, e fez um gesto para que o seguisse. Seguiu o. Seguiu o num rumo que o fez repassar e refazer suas atividades e bobagens daquela época. Como se fosse um guri idiota, amigo e companheiro de seu guri mais jovem. Os dois iam e repetiam as mesmas idiotices que ele tinha feito 10 anos atrás. Era idiotia. Não queria voltar no tempo. Esquecer suas memórias e experiências. Mas não podia parar de acompanhar seu eu mais jovem, como hipnotizado. Continuou fazendo idiotices maquinalmente. Queria voltar a ser seu eu futuro com recordações. Sair desse mundo enclausurado de sua infância. Conhecendo tão pouca coisa. Como se ele tivesse saído do ritmo natural. Suas vontades e aspirações eram de adultos, mas se via numa realidade fazendo as coisas limitadas que ela lhe permitia. Por comparação era como se estivesse atrasado pra sí mesmo. A sua festa já tinha terminado, mas estava entrando agora no pula-pula, estava colocando a ficha agora no video game, estava se "divertindo" pra poder passar logo esta fase, e chegar onde a outra festa. Não a festa com bebidas e danças, que vinha logo após a festa com pula-pula, mas ultrapassar rapidamente esta tambem, e finalmente chegar na festa que seu espírito queria estar. Uma festa de reflexões. Procurando oportunidades, conhecer o mundo que tinha locais que ainda não tinha passado por. Onde era natural ele estar, no ambiente de sua idade verdadeira. Com o céu mais amplo. As limitações ainda a perder de vista, pois ainda não tinha experimentado todas as possibilidades do seu tempo. Se sentiria livre por isso. Enquanto que a realidade a qual estava preso ele conhecia tudo. Desenhos a tarde inteira na tevê, achar a escola e picuinhas da escola importantes. Gastar tempo tentando interpretar ações de uma garota, apesar de ser apenas um completo castelo no ar todas as suas interpretações. E saber que vai passar por tudo isso sem uma lembrança sólida. Na verdade, lembrando que não queria guardar uma lembrança sólida desse período. Saber que tudo o que fez foi algo que não resultou em nada. Além de tempo perdido dando voltas iguais dentro da mesma gaiola pequena.
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