13 agosto, 2011

01:49am

Tinha vontade de chorar. O que fez foi emudecer diante de um copo, modelo pra tomar rum, que continha água de torneira. Observou e assim admirou a transparência do copo, no seu formato. Transparência em si, e da água, não o transparecimento da toalha de mesa. Parecia um idiota.

Bruno disse ter superado seu problema com não ser especial (inclusive, gostei do nome que deram, aquele pessoal da usp. transtorno do protagonista. só não sabiam que transtorno significa outra coisa do que queriam dizer). mas eu duvido muito. aposto que não. inclusive mais, não creio em nenhum, absolutamente nenhum homem que diga que superou algo, ou que mudou algo em sí mesmo. acredito que apenas entopem seus egos de desculpas para se autoenganar e poderem viver felizes. e extremamente peculiar, como até mesmo os mais desconfiados acreditam nas próprias desculpas.

Classifico uns tipos de lágrimas, por experiênciar minha vida. Há as lágrimas que brotam por vergonha, por humilhação. O rosto fica quente e enrubesce, e como se o calor das bochechas expulsasse a água, as lágrimas saem, aumentando ainda mais sua humilhação por não conseguir se conter diante de demonstrações de força e superioridade. Como se admitisse a derrota daquele embate. Quem ainda não mostra lágrimas é porquê não se deixou convencer, como se guardasse para si um motivo para não se convencer com os argumentos do antagonista seu. Mas quando chora, é que percebe a veracidade da argumentação.
Outro tipo são as lágrimas evocadas. Você mais geme e grita e soluça do que derrama lágrimas. Você evoca as lágrimas com seus sons guturais, ou de respiração. É mais a ânsia de gritar em revolta desesperada. E as lágrimas parcas (comparadas com sua revolta) aparecem só pra completar seu estado emocional físico. Não é papel principal o das lágrimas nesse caso.
Tem ainda choro de emoções gratificantes. Alguém quebra a sua rudeza, sua casca impenetrável de emoções de outrem, racional e maquiavélica. Você não esperava, e entra umas dessas coisas, motivadas por ações. Talvez sumonam uma experiência da sua infância.
Ainda há essas, que são peculiares, são vamos chamar com o nome errôneo de lágrimas secas, pois não são lágrimas, pois não chegam a aparecer, mas você sente como se chorasse, e sente a vontade de chorar. São peculiares, porque podem ter um motivo, mas não aparecerem.
(Talvez ele esteja chorando pra demonstrar carência, como umas vezes lágrimas ditas egoístas são para pedir ajuda.
E se talvez for o sentimento infantil de começar a lidar com o mundo adulto? É complexo, e uma mente infantil é mais sensível. Não idiotizada e calejada como a dos já adultos.)
Parem de comparar-me a outras pessoas que já existiram! Eu não sou um humano, sou o qual chamam de Bruno, outro humano! Mesmo sem querer, suas vontades de banalizar emoções, como com medo de se fragilizarem de novo, de eu irromper pelas suas cascas, reviver aqueles seus momentos de vulnerabilidade completa, tentam classificar minhas emoções e reações como as emoções e reações de pessoas que já viveram em outra época que a minha, que eram outras pessoas! Minha vida é única. Mesmo que num tempo passado tenha tido alguém com mesmo genótipo e fenótipo que os meus, ainda ninguém vive o período ou o modo de vida que fui submetido e que interfiro.
Parte principal de sua revolta é que essas classificações interferiam em suas opiniões sobre si mesmo. Duvidava de suas emoções e se perguntava se tinha algo relacionado com o que propunham como classificação. E assim, sem querer enterrava parte das suas emoções, crendo que vivia outras. Por isso, em parte também por querer ser autêntico consigo mesmo, para saber o que quer para ter felicidade autêntica e original, se refugiava de outros. Na noite ou a maioria dorme, sem consciência, ou se entorpece com atividades coletivas, ou drogas. À noite era o único ser humano restante em seu Estado. E nem era um pária, pois não se considerava mais parte de sua espécie, apesar de ser. Fingia que a capacidade racional do humano superava corpos orgânicos. Mas bem, podia até ser considerado uma nova “espécie”. O único dessa nova sociedade, já que todos os que tinham potencial pra isso dormiam.
Que houvesse outros em situação semelhante em outros estados ou países, vivendo e sendo possível o contato via e-mail, não lhe eram aborrecimento mental nem lhe interessavam, pois cultura é algo mui de bairro.
Acho que Freud tem razão quando diz que pais são muito importantes na formação emocional de uma criança. Não entendo bem porquê alguém se preocupa com outros. Ou porquê pais se emotivam por causa de suas crianças.

Por vezes queria se livrar de toda ligação afetiva com outros. Pra não ter de lidar com os problemas da sociedade, e tomá-los como problemas tambem seus.

p.s. quem souber mais tipos de choro, coloca uma descrição nos comentários, ou só coloca o nome que você deu. quero classificar.

2 comentários:

  1. Há lágrimas de tristeza que são incontroláveis e que dói segurar. Há lágrimas de desespêro quando parece que tudo vai dar errado. Há lágrimas de riso incontrolável aliviando grande tensão. Há lágrimas que sobram depois que se executa um grande esforço emocional. E há lágrimas de amoção maravilhada quando algo é simplesmente mais bonito do que você podia imaginar.

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  2. tem as lágrimas do Luto. Elas saem, mas não curam. Não se acalmam. elas vem em ondas, como o mar, e tão mesmo como o próprio, não sossagam, e parecem não sossegar nunca. Tem as lágrimas vazias, que escapam do olho durante o dia a dia, sem motivo algum. tem a lágrima do bocejo, que demonstra uma necessidade de descanso...

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