06 abril, 2011

aula de boxe

isto pensei hoje durante a aula de boxe:

" meus músculos estão aumentando. não gosto deles.
cultivo um pouco eles pelas artes marciais.
e pela guria lá, que adorava músculos. (obs. do narrador: podem chamar de coisa tola a se fazer. construir algo por outra pessoa, por uma paixãozinha. ok, não era só pela outra pessoa. acontece que sempre gostei de artes marciais. mas ultimamente perdi a gana, o divertimento por aprender a controlar meu corpo.)

...

gostava dela. uma das poucas de quem realmente gostei.

duas nas minhas contas atuais, acho. deixa eu pensar.

...

agora fui abandonado por ela. na verdade afastei-a. sei lá.

os músculos agora só servem para eu descarregar a minha insatisfação com o resto das coisas.

não mais para tentar satisfazer quem queria satisfazer.

agora estou apenas para construir minha habilidade de destruição. sem querer. não é mais por outro motivo. como antes.

não gosto de destruir as coisas. principalmente agora que destruí o que me era maior fonte de felicidade no momento (apesar dos momentos de confusão horríveis).

agora, com uma graduação que não é mais caminho para meu antigo sonho (ainda é, mas perdi o sonho).

com um escritório no qual eu me deprimia terrivelmente.
vendo na tela do computador eu 50 anos mais velho fazendo os mesmos serviços, sem tocar em minhas vontades e sonhos.

...

o aumento de meus músculos representa coisas.
minha infantilidade em adorar técnicas marciais quando era pequeno.
agora o uso deles para expressar meu rancor. com a realidade, que imagino e que recebo.

é só a tentativa de destruição de minha insatisfação. não há esperanças em meus socos agora.
tento, apesar de saber imaginária, a destruição da esperança.

estou me desgarrando de meus sonhos. antes queria ajudar em alguma coisa. agora quero apenas meu quilhão de prazer. "


isto descrito pensei em meio a cada ofegação. de quê me adiantava ali no meio?


porquê tenho lembrado a música Behind Blue Eyes?

não culpo ela. meu rancor se dirige a um resto da humanidade. não contei mentiras, somente ocultei verdades por muito tempo. e não tenho belos olhos azuis.

sou muito pra mim, sou nada pro resto, sou eu mesmo na verdade apenas. alguem que não é especial a ninguém, quando todos me ensinaram a querer ser especial. queria ser especial para o mundo. se não é possível, quero então ser especial a alguem. por anos tentei combater tal vontade, dizendo para mim mesmo "as pessoas não precisam saber o que fiz ou faço. só deve importar a mim mesmo. minha existência só deve importar a mim mesmo. não precisarei da aprovação de outros, mas só da minha consciência".
mas a vontade é forte. não é para ser importante no entanto a qualquer um. deverei ser o mais importante para a pessoa que colocarei no centro do universo.

não quero que minha existência seja apenas mais uma dentre todo o número de existências. de quê vale minha existência, se vivo para construir coisas e desenvolver na sociedade? deveria viver o presente, sem me preocupar em desenvolver. no meio da floresta, sozinho, sem a cobrança de outros, se é pra não ser especial em meio a essas cobranças. somente mais um tijolo.

3 comentários:

  1. comentário: machuquei mais o punho direito.

    manquei hoje do pé direito tambem.

    pelo menos a dor física me distrai por instantes.

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  2. hum...é meio estranho, quando vc começa a estudar mais astronomia [e eu tenho feito isso por causa do trampo, pq apresento planetário] vc começa a achar realmente idiota a idéia de ser alguma coisa, ou a idéia de existir... e ae vc liga uma espécie de 'foda-se' do tipo "não importa se eu to no centro ou na lateral esquerda superior do universo..." =p

    mas divirta-se.

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  3. sim. mas você ainda tem ciúmes do dobay.

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