26 dezembro, 2009

fracasso

muitas vezes você (o jovem no meu caso) se encontra sendo pressionado pela sociedade para fazer algumas coisas. você deve saber como é ter uma obrigação pesando sobre você. estude. vá bem na escola. seja inteligente. arranje um bom emprego. ganhe bastante dinheiro. seja popular. seja bom na arte marcial que pratica. não faça coisas estranhas. você tem exames (escola/vestibular/artes marciais/etc.). pegue garotas. bem, são coisas que os outros esperam da gente.
certamente você já viu a pressão como incômoda. principalmente quando você falha. é como se...você tivesse falhado na sua vida. na sua vida. e não é bem como um jogo de videogame. não tem a história de começar de novo. o tempo está passando.

então é aquele sabor amargo da derrota e do desespero de TER de cumprir sua obrigação. afinal, não te deram muitas escolhas além da de ter sucesso na vida. o mínimo sucesso.
quanto mais cedo você o faz, melhor tambem. é sempre a pressão pelo horário.
outro problema tambem é o horário. você além de ter uma obrigação é que nem o jogo 'majora's mask' (joguei por um tempo hoje esse jogo hoje. morri esmagado por uma lua. observação: no jogo tem algumas missões que tem de cumprir, e você tem apenas três dias pra completar o jogo), tem um tempo limite para fazer-lo.
certo, concordo. o tempo de vida não é infinita. não dá pra ficar curtindo a vida sem preocupações ou certezas. não temos todo o tempo do mundo então seria bom se soubessemos o que queremos fazer com nossa vida.

a sociedade atual tem apenas alguns modelos como sucesso de vida. e se você não o consegue, bem, fracassou na sua vida. sem segunda chance, a não ser que você creia em reencarnação. o problema exatamente é que a sociedade te impõe uma visão de vida. e bem, basicamente ela não permite que você siga sua própria visão. no modelo de sucesso você pode não curtir algum item no modelo, mas é o que te impuseram. e você nem tem idéia ou sequer pensou sobre se isso é o que sua personalidade curtiria.

os marginais da sociedade são os que vão contra isso. e por marginais vem a conotação de 'ruim'. marginais são apenas os que não se enquadram e tiveram a coragem de aceitar não se enquadrarem como sucesso na sociedade. vejo muitos jovens indispostos com o modelo de sucesso imposto.

nessas horas que eu penso em como eu gostaria de viver na floresta. sem a coabitação com outros. sem a opinião da sociedade. livre de outros para ser eu mesmo, como a minha personalidade me guiar.

mas fico pensando. quanto de mim é atrelado á sociedade. o humano tem se construído baseado na sociedade desde que se conhece por homem. quanto eu sou dependente dela? a partir dessa idéia que acho que devo estabelecer limites de o quê devo seguir do modelo de sucesso da sociedade.

ah sim. um adendo. é bom que nós seres humanos somos dotados de raciocínio. com o raciocínio podemos mudar nossas concepções. estes dias eu decidi dar uma pensada em particular sobre uma coisa. pense em uma garota bem bonita (claro, modifique dependendo de sua opção sexual atual. estou citando meu caso). que você deseja fisicamente tocá-la. bem, quais as chances de você ter sucesso em tocá-la? mínimas. então como eu estava sofrendo com isso eu decidi que beleza não é muito importante. claro, não está dando muito certo. mas acho que é só ter um pouco mais de resolução nessa idéia.

2 comentários:

  1. tem um artigo do pierre clastres, que taaalvez você gostasse de ler, que chama "o arco e o cesto".
    é sobre os guayaki, indios do interior do paraguai.
    entre os guayaki existem apenas 2 modelos de indivíduos respeitáveis: um para homens e um para mulheres.
    os homens caçam (arco) e as mulheres carregam (cesto).
    Diante desse modelo onipresente, que organiza absolutamente tudo da infância até a morte, o clastres segue a trajetória de dois individuos (homens) que não se davam com a caça (eram pane, difícil de explicar o que é isso).
    o curioso é que um passou simplesmente a viver como mulher, fazendo o trabalho dela e mantendo relações sexuais com homens na posição passiva, e era respeitado dessa forma. o outro queria caçar mas só fazia bobagem, e era ridicularizado e humilhado por todos.
    não sei se tem uma moral nessa história, só achei que tinha um contraponto legal com o que você estava falando.
    uma coisa é fato: nunca nenhum sociedade teve tantos modelos possíveis de realização individual. isso é bom, mas tem coisas ruins.
    além da inexplicável insegurança que nos ronda a vida inteira tem ainda o fato de que esses modelos são extremamente difíceis de se realizar, e quando se realizam acabam revelando contradições que a gente não percebia antes.
    Enfim, isso me lembra uma outra discussão do "arco e o cesto". a idéia de que nem tudo que é humano é social. nesse sentido clastres analisa o canto solitário dos caçadores, que se apropriam da linguagem (social) para refletir sobre sua condição humana.

    não sei, acho que esse texto realmente dá uma perspectiva legal. um dia desses te dou um xerox. o sachato tem esse livro também (o livro chama "a sociedade contra o estado")

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  2. Seguindo a linha de sugestões bibliográficas, tente o livro "o imoralista" do André Gide (não é grande). A personagem principal passa por essas mesmas perguntas que você sempre faz, acho que você vai gostar.

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