14 maio, 2013

11 novembro, 2012

Máscaras

José queria ser alguém na vida.
Para alegria dele, conseguiu ser ninguém.
Ninguém e todo mundo.

No Japão há uma lenda antiga
De uma máscara de teatro Kabuki
Que passou a ser chamada de máscara de carne.
De tanto usá-la
ela passava a ser sua cara.

Já João, por outro lado, não gostava de sua vida existencialista.
Sem querer ele fingia ser como ele queria ser.
Vivendo uma mentira já que o mundo não lhe aprazia.

Ele fingia ser como ele queria ser para cada pessoa.
O João filho, o João amante, João amigo comediante, João etc.
Um, Nenhum ou Cem Mil.
Então João se perguntou -Quem desses sou eu?
João, o filho, não podia ser João, o comediante de humor negro.
João, o amante, não podia ser João, o fracote.
Ninguém o conhecia enfim.
26 anos se passaram e ninguém o conhecia ainda.

07 novembro, 2012

Camus, de aquário

Como seria agradável,
Se, onde a aparência é fato e a realidade ficção,
Um pouco de ultra-violência fosse viável.
E que meu caso não virasse apenas o de mais um personagem de ação
E me fosse sentenciada a pena inimputável
De um louco perdido na razão.

O estrangeiro

28 setembro, 2012

Rascunho

Quanta paz eu teria
Se em minhas memórias
Estivesse escrito
"Encontrou a mulher de sua vida
Se formou em medicina
Ou em engenharias
Ou advocacia"

Mas ao invês disso
Li em um papel (já empardecido)
"Vai ser gauche na vida"

Crasso erro aqui descrevo
"Gauche! Palavra interessante" digo.

gauche(gôx) adj (fr) Esquerdo.
Indivíduo tímido, estranho, deslocado.

E tolo (cabeça-dura)
Desperdiço
Um futuro pavimentado, seguro e testado a exaustão
Por cousas que um papel amarelado prometeu.

Um além
N'uma sociedade
Onde há apenas protagonistas...